Dooyeweerd e Agostinho: ruptura ou legado?
Este artigo expõe uma distinção metodológica crucial entre Agostinho e Herman Dooyeweerd quanto à natureza do ser humano e às raízes filosóficas da teologia cristã. Enquanto Agostinho aceita categorias platônicas — como o dualismo entre corpo e alma — para expressar verdades da fé, Dooyeweerd denuncia essa apropriação como um desvio estrutural. Segundo ele, a raiz forma-matéria, herdada da filosofia grega, fragmentou a visão cristã da realidade e introduziu uma divisão artificial entre natureza e graça.
Em contraste com a concepção agostiniana do ser humano como uma “alma racional” que habita um corpo, Dooyeweerd propõe uma antropologia reformacional: o ser humano é uma totalidade encarnada, estruturada por diversos modos de existência e religiosamente dirigida a partir do coração — o núcleo supra-temporal da pessoa. É nesse coração, não na razão ou na alma, que ocorre a conversão autêntica e a comunhão com o Criador.
Essa visão rompe com a tradição filosófica grega e reconstrói uma antropologia verdadeiramente bíblica, centrada na Palavra de Deus e na integridade da criação.
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