INTRODUÇÃO
É provável que a leitura deste artigo possa ser um tipo de fel ao paladar. Não é preciso concordar com os argumentos aqui expostos, porém espero que possa ler até o final. Também não me preocupei em agradar outrem, mas confesso que realmente estou deveras preocupado com as famílias, de preferência a nuclear.
Em um Brasil cada vez mais estatizado, um fenômeno tem passado despercebido por muitos pais: a expansão irrestrita das creches públicas como única solução para a infância. Vendidas como benéficas para o desenvolvimento das crianças e para o progresso feminino, elas escondem um projeto muito mais profundo e ideológico — o desmonte do vínculo familiar e o controle da educação infantil pelo Estado.
UM PROJETO FEMINISTA DISFARÇADO DE ASSISTÊNCIA
As origens dessa ideia não estão nas necessidades reais das mães, mas nas formulações radicais do feminismo de segunda onda. Autores como Simone de Beauvoir foram diretas ao afirmar que a mulher deveria ser impedida de cuidar dos filhos para alcançar sua “emancipação”. Em seu livro O Segundo Sexo, Beauvoir demonstra de modo indireto a ideia:
Nenhuma mulher deveria ser autorizada a ficar em casa e criar os filhos. A sociedade deveria ser completamente diferente. As mulheres não deveriam ter essa escolha, porque se existe tal escolha, muitas delas vão escolher essa opção.
— Simone de Beauvoir
Em entrevistas e declarações posteriores, Simone de Beauvoir sugeriu que as mulheres não deveriam sequer ter a opção de ficar em casa criando os filhos, pois muitas acabam escolhendo esse caminho por influência cultural e patriarcal.
Este comentário é uma burrice sistêmica, não leva em conta a natureza feminina e suas inclinações maternas que estão intrínsecas na essência da mulher, pelo menos a mulher normal.
A mensagem é clara: o cuidado materno é visto como um obstáculo ideológico, não como um valor. Por isso, as creches surgem como ferramenta para deslocar a figura dos pais e inserir o Estado no centro da formação da criança, por consequência última o Estado torna-se pai e mãe da criança.
A CRÍTICA DE ANNA CAMPAGNOLO: “Educação estatal não é neutra”-uma realidade
A deputada Ana Caroline Campagnolo, uma das vozes, aqui no Brasil no falar da educação domiciliar e da autoridade dos pais, tem denunciado essa realidade, embora com pouco efeito em termo de projeto efetivo para JOINVILLE. No fala no plenário da Alesc (2023), ela afirmou:
“Não existe educação neutra. Quem educa o filho é o Estado ou são os pais. E o Estado tem interesse em formar cidadãos obedientes à máquina pública, não à sua família, à sua fé ou aos seus princípios.”
Ela argumenta que as creches não são apenas locais de cuidado, mas ambientes onde se formata a mente infantil desde cedo. Além disso, afastam os filhos do convívio dos pais, privando-os de receber valores, cultura e identidade familiar durante os anos mais importantes do desenvolvimento moral e emocional, isso é de longe uma proposta anti-DEUS, as escrituras jamais prescreveram uma aberração semelhante a isto.
A NOVA FUNÇÃO DAS MÃES: trabalharem fora de casa
Ao mesmo tempo, o discurso moderno prega que a mulher “precisa trabalhar”. Mas será que isso é escolha ou imposição? O sistema tributário e social brasileiro penaliza quem quer cuidar dos filhos em casa e favorece apenas quem terceiriza a maternidade para o Estado. O feminismo não luta pela liberdade real da mulher, mas por um modelo padronizado de sucesso estatal e soberano, o tal paizão de todos.
Não iremos considerar os casos que mães realmente sem opção algumas são levadas a trabalharem fora de casa, isso aqui fica para outro momento de reflexão.
Poucos percebem, mas a inflação não é apenas um fenômeno econômico — é, acima de tudo, um instrumento político. Quando o governo imprime moeda descontroladamente, gasta além do que arrecada e corrói o valor do dinheiro, está agindo de forma indireta — porém eficiente — para forçar os pais a abandonarem o lar em busca de renda extra.
Em tempos passados, uma única renda familiar era muitas vezes suficiente para manter um lar com dignidade. Hoje, no entanto, com o poder de compra cada vez mais reduzido, a maioria dos casais é praticamente forçada a trabalhar fora de casa. Essa não é uma escolha genuína, mas uma necessidade criada por um sistema que mina deliberadamente a estabilidade econômica das famílias.
O resultado disso é trágico. O tempo que antes seria dedicado aos filhos passa a ser vendido em troca de sobrevivência. A infância é terceirizada para creches e escolas públicas desde os primeiros meses de vida. Os pais, por sua vez, perdem progressivamente o controle sobre a formação moral, emocional e espiritual de seus filhos.
Esse empobrecimento não é um acidente. A inflação funciona como uma forma sutil de confisco — uma maneira pela qual o Estado rouba o tempo, os valores e a autoridade da família sem precisar usar força direta. Enquanto o dinheiro perde valor nas mãos das famílias, o poder se concentra nas mãos do governo, que aproveita esse vazio para institucionalizar a infância e influenciar desde cedo a consciência das novas gerações.
Ao contrário do discurso oficial, o Estado não atua como provedor benevolente. Ele corrói a economia familiar por meio de impostos sufocantes, inflação persistente e burocracia ineficiente. Em seguida, se apresenta como salvador, oferecendo creches, escolas de tempo integral e programas assistenciais. Mas essa suposta solução cobra um preço altíssimo: a entrega da formação das crianças à máquina estatal.
O ciclo é perverso. O Estado cria o problema e depois vende a sua interferência como solução. Com isso, os pais perdem seu protagonismo na vida dos filhos e passam a ser apenas mantenedores de um sistema que os exclui da educação moral e afetiva das próximas gerações.
O economista Milton Friedman resumiu esse processo com clareza: “A inflação é, em si mesma, uma forma de tributação. É o imposto mais disfarçado e o mais destrutivo.” No Brasil, esse imposto oculto tem sido usado como uma ferramenta de controle. Ele empurra mães para o mercado de trabalho não por liberdade, mas por desespero, e coloca os filhos sob os cuidados do “Paizão Estatal”, que define o que eles devem pensar, sentir e acreditar.
No fim das contas, a inflação não apenas empobrece: ela desestrutura a base da sociedade. E a maior vítima dessa engenharia econômica silenciosa é a infância — arrancada do colo dos pais e entregue à tutela do Estado.
QUAL O PERIGO RAL?
O verdadeiro perigo da institucionalização da infância vai muito além da simples transferência de cuidados para terceiros. Ele reside na profunda transformação da dinâmica familiar e na fragilização da autoridade dos pais sobre os próprios filhos. Quando a criança é inserida desde muito cedo em ambientes controlados pelo Estado, o vínculo formador com a família é reduzido a poucas horas do dia, muitas vezes ocupadas apenas por rotinas de alimentação e descanso. Isso enfraquece a transmissão dos valores que, historicamente, eram passados no convívio íntimo — valores que moldam o caráter, a consciência e o senso de pertencimento.
Nesse vácuo deixado pelos pais, entra em cena uma nova estrutura de formação, muitas vezes orientada por agendas ideológicas que não respeitam a identidade cultural ou espiritual da família. A infância, ainda vulnerável e em desenvolvimento, torna-se alvo fácil para discursos que, embora travestidos de neutralidade pedagógica, carregam uma clara intenção de moldar comportamentos, crenças e percepções segundo projetos políticos específicos. A doutrinação se instala sutilmente, quase sempre sem o conhecimento ou consentimento pleno dos pais.
Esse processo não apenas modifica a forma como as crianças veem o mundo, mas também redefine sua relação com a própria família. O jovem passa a enxergar os pais como figuras ultrapassadas ou desinformadas, colocando o Estado e seus agentes — professores, técnicos, conselheiros — no papel de referências superiores. O resultado é a criação de uma geração de cidadãos que não apenas se distanciam dos valores domésticos, mas que crescem dependentes de uma estrutura estatal para definir suas escolhas, seus direitos e até mesmo sua identidade. A autonomia da consciência é substituída por um modelo mental treinado para obedecer normas sociais impostas de fora para dentro.
Essa ruptura, construída ao longo de anos sob a aparência de progresso e inclusão, corrói a base da sociedade: a família. E quando os laços familiares são substituídos por vínculos institucionais, o Estado se fortalece não como servidor, mas como tutor. Ele não apenas administra políticas públicas, mas passa a moldar diretamente as futuras gerações segundo seus próprios critérios — o que é talvez o maior risco silencioso da institucionalização da infância.
Isso é engenharia social, como alertou a própria Campagnolo em diversas entrevistas e discursos. E como diria Antonio Gramsci, teórico da esquerda revolucionária, a verdadeira revolução começa com o controle cultural — especialmente da infância.
o perigo silencioso na igreja
O processo de institucionalização da infância não se limita ao Estado. Infelizmente, esse mesmo modelo começa a ser reproduzido dentro de muitas igrejas, que, em nome da educação, acabam assumindo um papel semelhante ao do sistema estatal: o de substituir os pais na formação da ética dos filhos.
Enquanto a Bíblia ensina com clareza que os pais são os principais responsáveis pela educação moral e espiritual de seus filhos, muitas igrejas hoje promovem estruturas que, na prática, afastam as crianças da comunhão familiar para inseri-las em departamentos infantis que funcionam paralelamente ao culto principal. O problema não está na existência de espaços pedagógicos ou lúdicos para os pequenos — mas no modelo que incentiva os pais a delegarem totalmente sua missão, como se isso fosse espiritual ou conveniente.
A incoerência é gritante: igrejas que, por um lado, criticam o Estado por doutrinar as crianças, por outro, reproduzem o mesmo formato — institucional, programado, segmentado — retirando a criança do convívio dos pais até mesmo nos momentos sagrados de adoração. Essa prática, quando adotada como norma e não como exceção, desconecta os filhos da vivência espiritual dos pais e rompe a experiência do culto como unidade familiar.
A Escritura não respalda esse modelo. Em Deuteronômio 6, está escrito: “E as ensinarás [as palavras do Senhor] a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te.” A ordem é clara: a responsabilidade é da família, do pai e da mãe, no cotidiano, em casa e na vida prática. Não há menção de uma instituição religiosa que deva assumir esse papel por eles.
Apoiar, incentivar ou normalizar a retirada da criança do convívio direto dos pais — seja pelo Estado ou até mesmo por ministérios religiosos bem intencionados — é ignorar o modelo bíblico de discipulado familiar. É abraçar uma lógica que parece moderna, eficiente e organizada, mas que, na essência, contradiz a autoridade que Deus concedeu à família como primeiro e mais importante ambiente de formação humana e espiritual.
Se a igreja deseja ser fiel às Escrituras, ela precisa resistir à tentação de imitar o mundo em sua estrutura e método. Precisa deixar claro que a missão de formar as próximas gerações começa e termina no lar — e que todo o restante deve apenas fortalecer, não substituir, esse chamado divino.
QUANDO A IGREJA IMITA O ESTADO: O Perigo de Retirar os Filhos da Família
As creches, como estão sendo implementadas hoje, não são apenas uma política pública: são um projeto de poder. São o meio pelo qual o Estado se insere no núcleo mais sagrado da sociedade — a família —, sequestrando a autoridade dos pais e moldando as futuras gerações segundo interesses que nem sempre coincidem com os valores familiares ou espirituais.
Mas é preciso ser honesto e ir além: quando uma igreja reproduz essa mesma lógica, ainda que com roupagem religiosa, ela também está servindo a um projeto semelhante — e igualmente perigoso. Quando o ministério infantil ou juvenil toma para si o dever exclusivo de formar as crianças e adolescentes, afastando-os sistematicamente do culto em família e do ensino doméstico da fé, está praticando a mesma lógica de centralização institucional do Estado.
Essa estrutura pode parecer inofensiva — ou até bem-intencionada. Mas quando ela incentiva os pais a delegarem completamente a formação espiritual dos filhos, ela também está minando a vocação que Deus deu à família e assumindo um papel que não lhe foi concedido pelas Escrituras.
A crítica que Ana Campagnolo faz ao sistema estatal se aplica aqui também: o problema não são as mães que precisam trabalhar ou os pais que precisam de apoio, mas o modelo que impede — ou desestimula — que as famílias sejam protagonistas da formação de seus próprios filhos.
Do mesmo modo, o problema não é a igreja que auxilia, mas aquela que substitui. A que encoraja pais a deixarem a educação espiritual por conta de departamentos, e não a que os capacita a liderar espiritualmente seus lares.
É tempo de resgatar o direito — e o dever — das famílias de educar seus próprios filhos segundo a Palavra de Deus, dentro de casa, com seus próprios valores bíblicos, com oração, testemunho e comunhão real. Entregar os filhos, semana após semana, a instituições (sejam públicas ou eclesiásticas) que os separam dos pais é abrir caminho para uma formação desconectada, vulnerável e moldada à imagem de outro senhor — não o Senhor da Escritura, mas o da conveniência institucional.
A igreja que se dispõe a ocupar o lugar da família está, mesmo sem perceber, colaborando com o mesmo espírito de controle que ela tanto critica no Estado. E esse tipo de projeto, ainda que bem intencionado, não vem de uma verdade imutável.
A CHAMADA
Não podemos continuar entregando a criação da próxima geração às instituições, seja o Estado ou até mesmo a igreja, esquecendo que a responsabilidade maior está no lar, nos braços dos pais. Que haja arrependimento verdadeiro, para que retomemos nosso lugar como guardiões da fé, do amor e dos valores que só uma família enraizada nas Escrituras pode transmitir. Voltemos ao caminho certo, antes que seja tarde demais